Winter Burrow traz uma aventura de sobrevivência aconchegante para o PC

Winter Burrow, o primeiro lançamento do estúdio dinamarquês Pine Creek Games, chega hoje ao PC com um tom que desafia o seu género. Trata-se de um jogo de sobrevivência, mas pintado com linhas suaves e tristeza tranquila, moldado por arte desenhada à mão e uma sensação de regresso a casa após a perda. Os jogadores habitam um rato que deixa a azáfama de Rodent Big City para reparar a sua casa de infância em Treestump. Os seus pais morreram, a sua tia desapareceu e a floresta espera-o com conforto e perigo.

A premissa poderia prestar-se ao sentimentalismo, mas Winter Burrow trata-a com contenção. A sua arte em 2D dá a cada toca e a cada ramo um sentido tátil de vida - neve em camadas em montes arredondados, interiores iluminados pela luz da lareira, o frio do inverno suavizado pela lã e pela madeira. O encanto é deliberado, mas nunca se esforça demasiado. Esse calor contrapõe-se à mecânica fria da fome, da criação e da construção de abrigos que define o género de sobrevivência.

A Pine Creek descreve a sua abordagem como "um sonho de poder jogar um jogo de sobrevivência que fosse mais tolerante do que o género normalmente é, mas onde ainda houvesse desafio e profundidade". O equilíbrio está algures entre o conforto e as consequências. É preciso recolher, reparar e aguentar, mas o ritmo incentiva o cuidado em vez do pânico. O estúdio cita The Wind in the Willows, Mouse Guard e Over the Garden Wall como inspirações - mundos onde o capricho e a melancolia coexistem. O resultado parece mais próximo de uma fábula do que de um teste de resistência.

No jogo, os pequenos actos definem a experiência. Em vez de forjar ferramentas numa fornalha a arder, tricota-se roupa numa poltrona descaída. O teu inventário enche-se de bagas, ramos e restos de tecido em vez de minérios e ligas. Uma aranha pode acabar com a tua viagem - embora o jogo permita que os jogadores desliguem completamente as aranhas - mas até a morte parece fazer parte da textura da história. Podes fazer amizade com os animais vizinhos, fazer tartes e procurar a tia desaparecida cuja ausência enquadra a narrativa.

Por baixo do seu verniz suave, Winter Burrow tem uma ambição tranquila. Questiona se os jogos de sobrevivência podem acalmar em vez de esgotar, se um género construído com base na escassez e no medo pode ter espaço para a ternura. Esta questão está presente em todas as escolhas de design, desde o seu ritmo sem pressa até à utilização cuidadosa da cor e do som. Não se trata de um jogo sobre conquistar a natureza selvagem, mas sobre habitá-la, sobre cuidar de pequenas vidas com paciência.

O tom de Winter Burrow lembra a melancolia pastoral dos livros de histórias infantis, mas os seus sistemas permanecem baseados num design de sobrevivência moderno. Os ambientes desenhados à mão escondem uma estrutura robusta - criação eficiente, controlos acessíveis e uma interface clara. A tensão entre arte e função dá-lhe peso. Para os jogadores habituados às arestas mais duras do género, Winter Burrow oferece uma alternativa: um jogo de sobrevivência em que a empatia não é uma fraqueza, mas sim o objetivo.

Winter Burrow já está disponível para PC (Steam).