
Days Gone Remastered é ótimo, mas parece inútil perto de Oblivion
Então, finalmente consegui jogar Days Gone Remastered — que, se você esteve online na semana passada, sabe que foi lançado na pior janela de tempo possível: três dias depois de Oblivion Remastered ter caído como uma bomba nostálgica em nosso cérebro coletivo. Fiquei curioso. Não apenas pelas melhorias técnicas, mas pelo que uma "remasterização" realmente significa hoje em dia. Depois de dedicar horas a ambos, a diferença é gritante — e meio existencial.
Vamos começar com o lado bom: Days Gone Remastered está ótimo. É mesmo. Custa US$ 10 e, por isso, você recebe uma versão visualmente mais limpa, suave e imersiva do original. As florestas do Oregon continuam deslumbrantes, agora com uma iluminação melhor que adiciona um toque dramático às tempestades e ao pôr do sol. A nova sensação tátil do DualSense está surpreendentemente bem implementada — você consegue sentir o acelerador da moto do Deacon, e há um peso satisfatório em tudo, desde os tiros até o abrir das portas. A remasterização é polida, responsiva e tecnicamente precisa.
Mas quanto mais eu jogava, mais parecia um déjà vu em 4K. Não de um jeito nostálgico — era mais como pintar a parede da mesma cor que ela já era. É, está mais brilhante agora. Mas ainda é a mesma parede.
"É exatamente assim que me lembro de Days Gone, o que é bom e ruim ao mesmo tempo."
E essa é a parte estranha. Não faz tanto tempo assim desde o lançamento do original. Seis anos. Não é muito tempo de jogo, especialmente para um título que não pedia exatamente por uma reformulação visual. Ao contrário de Oblivion, que praticamente precisou de RCP para chegar à década de 2020, Days Gone já tinha um visual decente. Funcional. Ousado. Bom.
É isso que faz com que esta remasterização pareça um pouco... vazia?

O Apocalipse Bonito
O que envelheceu bem ainda funciona perfeitamente. A sensação de ser caçado por um enxame de monstros (zumbis, mas com uma corrida mais selvagem) ainda é um combustível de pânico de primeira linha. Aquele momento em que você está correndo pelo mato, com o coração acelerado, se escondendo atrás de uma árvore enquanto 80 monstros passam rugindo — você não encontra isso em muitos outros jogos.
"Ainda estou para jogar outro jogo que transmita o mesmo pânico de fugir de uma horda de zumbis."
O cenário do Oregon ainda é o máximo. É rústico e silencioso, de um jeito que transmite uma forte pegada DayZ. A mecânica de sobrevivência ainda parece pé no chão e suja. E a motocicleta? É a sua tábua de salvação. Você sente cada mod que instala e cada peça que coleta. Essa parte do jogo ainda canta.
Mas aí tem o Deacon. E, cara, o Deacon ainda não cala a boca.
"O protagonista Deacon St. John tem uma incapacidade paralisante de ficar quieto e deixar os jogadores tirarem suas próprias conclusões."
É como se alguém tivesse dado um podcast para o Kratos e lhe dito para narrar cada passo. Ele fala durante missões de espionagem. Ele monologa enquanto saqueia. Ele murmura discursos de luto enlatados como se estivesse se candidatando a uma bolsa de estudos para um garoto triste. Eu quero gostar dele — de verdade —, mas a vibe oscila constantemente entre um lobo solitário taciturno e um filósofo do Reddit com um colete camuflado. É... muita coisa.

E então veio o esquecimento
Agora é aqui que o medo existencial entra em ação.
Oblivion Remastered é uma transformação completa. Tem um visual diferente. A sensação é diferente. Mas também mantém a estranheza de 2006, o que de alguma forma o torna mais charmoso. É instável, sim — mas intencionalmente. As melhorias são significativas, não apenas cosméticas. Me fizeram apreciar não apenas o quanto avançamos no design de jogos, mas também o carinho com que um jogo pode ser restaurado sem lixar suas arestas.
Compare isso com Days Gone Remastered, que parece mais ter recebido uma lavagem a jato e uma nova camada de verniz transparente.
"Days Gone Remastered compartilha a mesma estratégia de nomenclatura, mas na prática é mais parecido com Days Gone (Improved A Bit Edition)."
A remasterização de Oblivion parece a celebração de uma era. A de Days Gone parece uma releitura que ninguém pediu.
E isso nem é para ser um insulto. Days Gone tem uma base de fãs leal. Ele vem ganhando reconhecimento com o tempo, especialmente entre aqueles que o acompanham. O novo modo Ataque da Horda adiciona um elemento arcade de sobrevivência legitimamente divertido, e ainda há bastante conteúdo. Mas, comparado a Oblivion, parece que um jogo foi reconstruído com amor, e o outro foi... corrigido com um orçamento limitado.
O Problema Com a Bonita
A questão central aqui não são os gráficos. É o propósito.
"Se ele precisava ser vendido ou se era uma remasterização — um termo genérico que se torna menos coeso a cada ano — é algo que tenho mais dificuldade em definir."
Essa frase acerta em cheio. Estamos chegando a um ponto estranho nos games em que "remaster" está perdendo todo o significado. Algumas remasterizações são reconstruções completas (Resident Evil 4, Final Fantasy VII). Outras, como esta, são mais como edições otimizadas para PS5, com um preço fixo e uma tela inicial. Isso é bom, tecnicamente, mas extremamente confuso para os consumidores.
Isso também levanta questões incômodas sobre a rapidez com que estamos transitando pela nostalgia. Será que estamos realmente tão famintos por retrofuturismo a ponto de um jogo de 2019 precisar de uma segunda vida em 2025? Será que um jogo pode passar despercebido em tão pouco tempo?
A resposta provavelmente é não. Mas está acontecendo mesmo assim.

Crise de identidade de Days Gone
Não me arrependo de ter gasto US$ 10 em Days Gone Remastered. As melhorias são sutis, mas reais. Se você nunca jogou e tem um PS5, é uma ótima maneira de experimentá-lo. Mas não consigo me livrar da sensação de que ele existe mais para completar o catálogo do que para qualquer outra coisa.
"Esta é uma rodada sutil de polimento para atender aos fãs existentes, com a possibilidade adicional de causar uma melhor primeira impressão nos novatos do PS5."
Não há nada de errado nisso. Mas também não me empolga.
Enquanto isso, Oblivion Remastered me lembra por que eu adorava jogos desde o início. As animações desajeitadas, os NPCs com cara de batata, os diálogos exageradamente dramáticos — tudo isso funciona perfeitamente porque o brilho é reforçado pela nostalgia e pela profundidade. Faz jus ao termo "remaster". Days Gone se qualifica por pouco.

Ainda vale os dez dólares, mas...
Days Gone Remastered é como assistir novamente a um filme decente em HD com um sistema de som melhor. É mais nítido, mais alto, mais suave — mas ainda é a mesma história, com as mesmas falhas. E quando ele chega logo após Oblivion Remastered, um jogo que te leva de volta a uma era esquecida e a reconstrói com cuidado? É impossível não notar o contraste.
Days Gone precisava de mais do que uma repaginada. Precisava de um motivo para existir em 2025. E, neste momento, esse motivo parece ser basicamente: "Por que não?"
Se você é fã, volte a jogar — a jogabilidade está melhor do que nunca. Se você é novo, esta é a versão definitiva para experimentar. Só não espere que ele te impressione. Não depois que Oblivion nos lembrou como uma remasterização de verdade pode ser.
Você ainda jogaria uma remasterização de um jogo da era PS4? Ou as editoras deveriam parar de retocar coisas que nem são antigas?
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